quarta-feira, 31 de julho de 2013

VIII Festival Amazonas Jazz e o Bosque da Ciência

Semana passada tive o prazer de comparecer a um dos shows da programação do 8° Festival Amazonas de Jazz que acontece no Teatro Amazônia. Realmente é uma experiência indescritível poder assistir uma apresentação na magnitude desta obra arquitetônica de teatro.

O Festival Amazonas de Jazz (FAJ) foi criado em 2005 e se consolida como o maior do gênero no Norte do Brasil. A oitava edição, que aconteceu de 23 a 28 de julho, no Teatro Amazonas, contou com atrações internacionais, nacionais e talentos amazonenses, com dois espetáculos por noite. Ao todo, foram 12 apresentações (às 19h e às 20h30), totalizando 9 horas de shows ao vivo, nos seis dias do festival. Realmente muito legal! Os ingressos variavam de R$ 10,00 - 40,00! E valiam muito a pena!


Tive o prazer de assistir o Jeff Williams Quintet junto ao meu amigo Bruno. Jeff Williams é um baterista americano que por dois anos (72-74) acompanhou Stan Getz em turnês e também tocou junto a outros artistas como Cedar Walton, Lee Konitz, Milt Hinton,  Bill Evans, Dave Liebman e John Scofield. O grupo tocou composições do próprio Jeff que como ele mesmo disse "I composed what made me happy". Algumas muito boas, outras um tanto quanto complexas e contemporâneas para meus ouvidos ainda "iniciante" a este estilo musical. De qualquer forma, valeu a experiência no Teatro Amazonas!!!!!

No domingo fiz uma visitinha ao Bosque da Ciência do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). O Bosque da Ciência que é uma área de aproximadamente 13 (treze) hectares, localizado no perímetro urbano da cidade de Manaus foi projetado e estruturado para fomentar e promover o desenvolvimento do programa de Difusão Científica e de Educação Ambiental do INPA, ao mesmo tempo preservando os aspectos da biodiversidade existente no local. 
 

O local possui tanques com peixes-bois, símbolo da região Amazônica. Estes simpáticos mamíferos aquáticos são resgatados de pesca ilegal, trazidos aos tanques e se reproduzem em cativeiro. Os filhotes são reintroduzidos ao habitat natural nos imensos rios amazônicos. Realmente é muito bonito.

Também consegui ver cutias, tartarugas e macacos, viveiros de ariranhas e jacarés, condomínio de abelhas, além de um pequeno lago artificial, onde vivem os poraquês. Conhecido popularmente como peixe-elétrico, o poraquê assim como outros peixes da região tropical, possui um sistema de respiração de ar atmosférico na cavidade bucal, subindo em intervalos de aproximadamente oito minutos para respirar.


Também possui uma Casa da Ciência onde algumas exposições de peixes, insetos, répteis e plantas são realizadas com o intuito de uma educação mais próxima e interativa com toda a diversidade amazônica. A entrada para o parque custou somente R$ 5,00 e valeu muito a pena para fechar um domingo mega preguiçoso em Manaus!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Manias de manauaras

Pra quem me encontrou em SP final de semana passada, eu já contei sobre manauara não apontar nada com a mão. Aqui se você perguntar onde está um objeto ou onde fica a rua tal, recebe em troca  um biquinho na velocidade créu 3 ou 4 na direção que deveria ser indicada com a mão!!!! kakaka
Nem preciso dizer que na primeira vez que isto aconteceu, fiquei um pouco assustada achando que o meu interlocutor estava me mandando vários beijos no lugar de responder a minha pergunta....kkkk apesar de agora já saber que isto é a prática, ainda me assusto e dou boas risadas quando isto acontece!!!!


Outra coisa engraçada é que manauaras chamam seus amigos e/ou conhecidos de "mano(a)". Muito usado para pedir um favor ou fazer uma pergunta carinhosamente: "E ai mano? Tudo bem?" kkk "mano, você pode me trazer um lanche?". Quando elas estão estressadas ou sendo sarcásticas, o tratamento passa a ser "maninho": " E ai maninho, tú não tem o que fazer não?" rsrsrs Ou seja, ser chamado de mano aqui é carinhoso e não possui o significado pejorativo de SP ou RJ e o diminutivo enfatiza o stress!!! Imagina a confusão de um carioca ou paulista aqui em Manaus! kkk

Ah...e aqui no lugar do VIXI, se usa ÉGUA!!!! Isso mesmo: égua!!! Já cheiro ruim é pitiú. Imagina uma frase assim: "Éeeegua maninho, que pitiú!!!" pois é! Hoje na academia quando eu ouvi, fiquei meio sem saber o que era e tive que procurar na net assim que cheguei no hotel! (imagina a cara da gringa aqui! rs) Conclusão: achei vários dicionários de amazônes!!! Isso mesmo. Um inclusive muito comentado do Prof. Dr. Sérgio Freire. O link estará no final do post pra vocês se deleitarem!! kk


Outra coisa engraçada é que aqui não existe rotatória e sim bola!!! "Pra ir pra lá, você passa a bola do Coronado....." e eu achando que era um monumento ou coisa do gênero!!!! kkkkkk que nada!! E na substituição da nossa expressão "só tem go-gó", os manauaras usam "só tem agá". E quando estão com fome falam que "estão brocados". Imaginei a guria chamando pro almoço: "E ai maninhas, vocês estão só no ágá hein? Tô brocada e vocês só na bubuia!!!" (leia-se: ficar sem fazer nada). kakakakaka

Enfim, já baixei o tal dicionário no celular porque às vezes tenho que fazer uma consulta rápida antes de pagar o mico, ou melhor ficar vexada!

Link para o dicionário chibata (muito bom): http://www.sergiofreire.com.br/Amazones.htm










domingo, 14 de julho de 2013

Teatro Amazonas e Palacete Provincial

Um dos locais mais visitados em Manaus é o Teatro Amazonas. E não é por menos! É um lugar divino com uma arquitetura renascentista de tirar o fôlego.

Fiz uma visita guiada que durou uns 30 minutos, custou R$ 10,00 e contou todos os detalhes que fizeram desta construção o centro das belas artes em Manaus. Valeu a pena!!! Sua construção começou em 1892, no auge econômico do ciclo da borracha. Foi inaururado em dezembro de 1896, com a primeira apresentação em janeiro de 1897 da ópera  La Gioconda, de Amilcare Ponchielli.

O arquiteto italiano Celestial Sacardim foi responsável pela construção deste patrimonio cultural arquitetonico, enquanto seu interior ficou a cargo de  Domenico de Angelis, responsável pelas pinturas em telas espalhadas no teto e nas paredes do auditório e do salão nobre. O pano de boca (que abre e fecha o palco durante os espetáculos) foi pintado pelo pernambucano Crispim do Amaral e por ser uma mega tela que não pode ser dobrado é içado reto até a cúpula (quase 13 mts)!!!

Teatro Amazonas: detalhes da cúpula, boca de pano, teto e camarins
A cúpula foi adquirida e colocada posteriormente. É composta de 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia. Foi adquirida em Paris, mas pintada por Lourenço Machado após montagem no Brasil.

Como era de se esperar os pavimentos superiores eram destinados aos barões da borracha e os nobres que não se misturavam com o povo que ficava no pavimento inferior próximo ao palco. Atualmente, os ingressos mais caros são exatamente estes, sendo os mais baratos os dos pavimentos mais altos!!

O sistema de circulação de ar era engenhoso. Embaixo de cada cadeira na platéia, existem grandes canos/tubos interconectados que circulavam/trocavam o ar do auditório com a praça que fica logo em frente, refrescando o ambiente. Não sei se era eficiente com todo o calor da região! rs 

Possui mais de 190 lustres todos desenhados pelo artista italiano Domenico, incluindo alguns lustres de Murano na Itália. Um luxo só!!!! É impressionante a quantidade de dinheiro que foi investido na construção deste teatro. Realmente os barões da borracha não economizaram!

Em tempo - uma informação bizarra que a guia deu, foi a de que durante a ditadura militar, o Teatro foi pintado de cinza pois rosa não era uma cor considerada "séria" pelos mesmos.... valha-me Deus!!!

Realmente é uma pérola no meio de Manaus! Vale muito a pena visitar! Inclusive em julho acontece o Festival de Jazz por lá. Acho que vou adquirir os ingressos para o dia 23...kkk

Bem próximo( umas 6 quadras do Teatro) fica o Palacete Provincial, inaugurado em 1875. Ele abrigava simultaneamente várias repartições públicas como a Assembléia Provincial, a Repartição de Obras Públicas, a Biblioteca Pública e o Liceu Provincial - atual Colégio Amazonense D. Pedro II.

Palacete Provincial

Atualmente abriga a Pinacoteca do Estado que expõe obras de artistas que possuem alguma ligação com o Amazonas (são daqui, casaram-se por aqui, viveram aqui, passaram uma "chuva por aqui...enfim!).

No andar de cima encontra-se o Museu de Numismática - uma coleção de moedas e papel moeda de todos os cantos do mundo!!! Fiquei extremamente impressionada pois a coleção conta com milhares de moedas abrangendo as Idades Antigas, Média e Contemporânea. Moedas que circularam antes de Cristo!!! Uau..... e tive a sorte de ter um aluno de história como guia deste museu para me esclarecer os aspectos mais interessantes da coleção! Sensacional!!! E olha que eu nunca gostei deste tipo de museu, mas valeu a pena!

Ao lado, existe o Museu da Arqueologia, mas este, diferentemente do anterior, foi decepcionante. Apesar de mostrar as ferramentas normalmente utilizadas pelos arqueólogos em sítios e escavações e, como é organizado o caderno de campo e seus croquis, não possuia uma peça sequer obtida de um sítio arqueológico da região Amazônica.

O Palacete vale a pena e, neste caso, o passeio e os acessos aos museus e exposições são de graça!!!

Delícias Manauaras - parte 2

Não me canso de apreciar a culinária amazonense. Realmente tem muitos ingredientes típicos que compõem pratos deliciosos!

No entanto, verduras e legumes são raridades. Isto porque quase tudo vem de fora por não ser produzido aqui. O kilo do brócoli custa R$ 36,00!!! Uma  abobrinha - R$9,20!!!! Um pé de alface sai por R$ 3,99. Conclusão: peça uma salada de jantar com alface e tomate e pague R$26,00! Assim não dá pra controlar!!! kkkk

Mas é uma boa desculpa pra me esbaldar na culinária local!!! Como já tinha tido, o taperebá (conhecido como cajá também) é uma fruta maravilhosa e seu suco é imbatível. Se bem que o abacaxi daqui é tão doce que até o talo é delicioso!!! kkk geladinho no meio do dia no escritório é tudo de bom!!! O tucumã - mega versátil - é uma boa pedida em vários momentos, inclusive como sorvete!! Que aliais, tem se mostrado uma boa diversão. Experimentei o sorvete de tapioca e amei!! Delicioso e diferente, assim como o de cupuaçu, taperebá e açai. Difícil decidir meu favorito!!!

Coxinha de carangueijo, sorvete de tucumã,
carne de sol e vatapá, e sorvete de tapioca

Pra matar uma fominha no meio do dia, aqui é difícil achar coxinha de frango (que pena né Gabi? kkk), mas a utilização de carne de caranguejo para compôr esta tradição brasileira me surpreendeu! É muito gostoso, ainda mais com uma pimentinha porreta! Assim como a tal carne de sol e o vatapá. Apesar de ser tradicional da culinária nordestina, esses pratos são bastante comuns aqui em Manaus e, com toques extremos de coentro (no caso do vatapá). Descobri que a carne de sol é curada por 2-3 dias no sol coberta de sal e depois assada no bafo. Divina!!! Bem assada, derrete na boca e tem sido minha alimentação diária no almoço! kkkk mas é que é mega difícil resistir!

Já o tambaqui continua me surpreendendo. Hoje tive a oportunidade de conhecer um restaurante da culinária amazonense mega conhecido aqui - O Banzeiro. Fantástico é pouco para descrever o que eles oferecem!!! Ambiente mega família e um cardápio muito variado com as opções dos peixes mais conhecidos daqui - tambaqui, pirarucu e tucunaré. Não resisti e acabei comendo um filet do lombo de tambaqui assado na flor de sal, acompanhado de farofa de ovo com farinha do uarini e arroz negro. Ah! E de entrada teve caldinho de tambaqui! Indescritível! O cuidado e carinho do atendimento foi finalizado com um expresso bem tirado com um mini-bolinho de castanha!! hummmmmm.... me dá água na boca só de pensar de novo!

Caldinho de Tambaqui, filet de tambaqui assado com flor de sal
com farinha de uarini e arroz negro e café com bolinho de castanha

Ah - a farinha de uarini vem do município amazonense de Uarini, e no seu processo de produção, a mandioca amarela é colocada em água até apodrecer, quando então é chamada de Puba. Espremida, peneirada e depois bem seca, a farinha que dela se origina é apelidada de ova ou ovinha, dependendo do seu tamanho e por sua semelhança com ovas de peixe. Seus grãos são duros e precisam ser hidratados, para amolecerem, embora alguns amazonenses os comam in natura.

Bom, preciso ainda experimentar o tucunaré e o pirarucu. Mas estes ficarão para a próxima, pois o tambaqui definitivamente ganhou meu coração!

Links:
http://www.restaurantebanzeiro.com.br/?pag=home

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Ajuricaba - o herói e guerreiro manaú

"Invoco aqui a voz da tradição. Ouçam! Ela sussurra nas folhagens da palmeira inajá e marulha no igarapé escuro. Ouçam! É ela quem murmura que tudo o que acontece neste nosso mundo um dia será esquecido. Ouçam, meus amigos: o esquecimento vem aos poucos. E antes que sobre nós o esquecimento estenda o seu paneiro do "já não lembro", do "já não me recordo", do "já não sei mais como foi", levantemos nossos olhos de nossas pequenas coisas e observemos a fumaça da fogueira. E pela fumaça regressemos ao passado, viajantes que somos da fumaça dos tempos. Ouçam, é a fumaça que segreda que tudo isso aconteceu há muitos anos e numa terra muito distante. Rápido, antes que seja tarde, pois já não mais sabemos como as gentes que viviam ali chamavam aquele rio de águas negras que nunca se misturam com as águas barrentas do rio máximo, nem como chamavam aquela terra de florestas sombrias e árvores que cresciam até as estrelas" - Márcio Souza em A Luta de cada um - Ajuricaba: O caudilho das selvas.

Assim começa o livro que me foi indicado pela colega do NINA, Thais Peres. Ele conta a história de Ajuricaba, um líder guerreiro da nação dos manaús que resistiu bravamente à escravidão dos índios pelos colonizadores portugueses na região da Amazônia.

Ajuricaba é derivado de aiuricaua do nheengatu: aiuri significa reunido; caua significa marimbondos de ferroadas dolorosas. No tempo em que Ajuricaba viveu por aqui, o Amazonas pertencia ao Estado do Grão-Pará e Rio Negro, fundado em 1621 com o objetivo de melhorar o contato da região com sua metrópole, além de incentivar a coleta das “drogas do sertão” (como a canela, a baunilha, o cravo, o urucu e o cacau), o cultivo da cana, algodão, café e do cacau, além da vinda de colonos.


Sertanistas, religiosos, tropas de resgate, tropas de guerra, contratadas para vencer a resistência dos índios ou escravizá-los, subiam e desciam rios, montando feitorias, explorando a floresta, pescando, num esforço que resultaria mais tarde em uma ocupação efetiva da região.

Os manaús sempre apresentaram grande resistência aos portugueses, mas em 1675, a jovem filha do taxuana (cacique) Caboquena, se enamora por um sargento português e, fugindo aos costumes da tribo, a jovem foge para se casar (o que o amor não faz não é mesmo?). Isto força os manaús a se aldearem em torno do forte de São José da Barra do rio Negro (futura Manaus) e a estabelecerem um pacto de não agressão aos colonizadores. Mas as núpcias não impediram que os portugueses continuassem a perseguir os índios de outros grupos na ganância e ânsia de mais controle e poder na região.

Com a morte do taxuana Caboquena em 1700, assume seu filho mais velho, Huiebene. Corrupto, inteiramente corrompido por manter relações estreitas com a administração colonial, este taxuana liderou os manaús por 2 décadas sob cuidadosa tutela dos portugueses. Ajuricaba era um dos numerosos filhos de Huiebene. Porém era um menino impulsivo, teimoso que apesar de aprender a ler e falar português se recusava a fazê-lo. Era exímio em diversos idiomas do rio Negro como o tariana, o baré, o baniwa e o nheengatu, a boa língua que servia de idioma comum a quase todos os povos.

Em 1718, Ajuricaba começa a entrar em choque com o pai, pois o mesmo não seguia os costumes antigos. Em 1722, as relações entre pai e filho são rompidas definitivamente, após Huiebene firmar com os portugueses uma aliança, participando de hostilidades contra os ingleses e os franceses ao norte, além de obrigar os guerreiros manaús a companharem tropas de preadores na captura de índios para serem escravizados em Belém.  


Porém Huiebene descobre que os portugueses mantinham prisoneiros vários índios de tribos que não podiam ser tocadas, segundo termos da aliança que ele havia estabelecido. Após uma vasta discussão, o taxuana é assassinado, junto com alguns guerreiros manaús que o acompanhavam em um acampamento de preadores. Ajuricaba, ao ser informado da tragédia, retorna à maloca manaú e assume a liderança. Começa assim oito anos de intensas disputas e guerras entre os invasores portugueses e os guerreiros manaús.

Ajuricaba ocupa o rio Negro e ataca todas as povoações portuguesas, entre 1722 e 1727, tornando muito difícil a vida dos colonizadores. Nenhuma embarcação portuguesa conseguia navegar as águas do rio Negro, ou do rio Vaupés, ou do rio Içana, sem sofrer ataques dos manaús em canoas rápidas.

Porém, em 1728, os portugueses resolveram responder com tropas de soldados armados até os dentes (com bombas e fuzis).  Eles entravam pelo rio Urubu e subiam o rio queimando e massacrando todas as populações  que porventura apoiavam Ajuricaba. Chegaram a fuzilar até vilarejos domesticados de missão carmelita!!!!Traziam consigo também uma boa aliada: doenças como a gripe, varíola, sarampo e doenças venéreas. Ao final de todo este embate, mais de 40.000 índios das mais diversas etnias haviam desaparecido, considerando ainda a completa dispersão e extinção dos próprios manaús.

Em 1728, quando estava com 27 anos, Ajuricaba foi feito prisioneiro no final de agosto, junto com 7 de seus generais, além de 300 guerreiros manaús feridos. Durante a sua transferência para Belém, onde seria possive4lmente degredado ou feito escravo, Ajuricaba atirou-se à água, mesmo preso aos ferros, preferindo suicidar-se do que se submeter aos invasores colonizador.

Nasce assim, o herói número um da mais vasta região do Brasil - símbolo e afirmação da resistência dos povos indígenas.

Para saber mais:
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/202935/ajuricaba-o-caudilho-das-selvas-col-a-luta-de-cada-um

domingo, 7 de julho de 2013

Rio Negro e o Museu do Seringal

A primeira vez que eu vi o Rio Negro foi assim. Sábado a tarde, após uma boa chuva, quase desisti do passeio. Mas achei que devia arriscar e deu certo! A chuva passou tão rápido quanto chegou.


Vista da Marina do Davi - Rio Negro
Fui até a Marina do Davi (final da Praia de Ponta Negra) para pegar uma voadora que me levaria até o Museu do Seringal. Este museu é resultado do pólo de cinema do Amazonas, atraindo visitantes que desejam conhecer de perto o modo de se ver e viver do homem do seringal, conduzindo os visitantes aos tempos áureos do Ciclo da Borracha.

Voadora "lotação"







A voadora realmente é um episódio a parte!!! Ela leva muitas pessoas a todos os bairros e "povoamentos" que só se chega por barco!!! E é um pinga-pinga!!!! :-) Vai parando, descendo e subindo gente, para mais um pouquinho, resumindo - uma loucura!!! Mas um passeio muito lindo! O Rio está bastante cheio e me recomendaram reafazer o passeio na vazante (setembro) pra perceber a diferença.
 
Após 25 minutos cheguei ao tal do museu. E por causa da chuva eu era a única visitante!!! Melhor assim - tive a guia exclusivamente pra mim!!! Construído especialmente para o filme 'A Selva', produção luso-brasileira de 2001, estrelada por Maitê Proença, o Museu reproduz com fidedignidade um seringal que existiu em Humaitá, município do Amazonas, distante 590 km da capital. O roteiro incluiu locais como o barracão de armazenamento das pelas de borracha, casarão do seringalista, barracão de aviamento, a capela de Nossa Senhora da Conceição, casa do seringueiro, tapiri de defumação da borracha, cemitério, entre outros locais. A guia foi excelente e contou vários detalhes sobre a história do ciclo da borracha!!!

Museu do Seringal
 
Na casa, moravam o barão Juca Tristão, a filha, dona Iaiá, e o escritor português José Maria Ferreira de Castro, autor do livro 'A Selva', que mais tarde deu origem ao filme. A casa é bastante luxuosa, com cristais e louças de todos os lugares da Europa. Logo ao lado, fica o barracão de aviamento, local onde se comercializava equipamentos e onde era adquirida a alimentação para os seringueiros nordestinos que ali chegavam para trabalhar. O problema é que eles já chegavam endividados pois, além da passagem e transporte até os seringuais, os trabalhadores tinham que comprar os equipamentos para extrair borracha e todos os mantimentos para iniciar sua vida nos seringuais. E só conseguiam comprar nesta loja. Não preciso dizer que o preço era exorbitante não é? Conclusão - não conseguiam se livrar do barão e das dívidas!!!
 
 
Museu do Seringal
 A guia também demonstrou como o látex era extraido. Os seringueiros saim à 1 da matina para fazer a sangria das árvores, pois neste horário, o rendimento é melhor. Só podiam fazer um corte por dia em cada árvore que só poderia ser sangrada de novo após 2-3 dias! Eles conseguiam extrair uns 120 potinhos/dia. Também conheci o tapiri onde era realizado o processo de defumação da borracha. E foi exatamente por causa deste procedimento que muitos seringueiros inalavam fumaças tóxicas e morriam por causa de tuberculose!

O ciclo da borracha foi um momento econômico na história do Brasil que constituiu uma parte importante da história da economia e sociedade do país, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha. Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém. O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Durante este período, cerca de 50% do Produto Interno Bruto do Amazonas era resultado da extração e comercialização da borracha.

Em 1900, a região amazônica produzia 95% de toda a borracha comercializada no mundo. Apenas 28 anos depois, sua participação estava reduzida a 2,3%. As plantações inglesas, que constribuiram para este declínio, começaram com as sementes contrabandeadas da Amazônia em 1876 pelo aventureiro inglês Henry Wickham. As sementes que Wickham roubou foram transportadas com êxito para o famoso jardim botânico de Londres, o Kew Gardens.

De lá, os biólogos ingleses rapidamente levaram mudas para as colônias britânicas na Índia e na Nova Zelândia. Dentro de alguns anos, essas sementes deram origem às árvores que produziam a borracha que conquistaria o mundo. Henry Wickham, o inglês responsável pela façanha, na Inglaterra, ficou conhecido como “o pai da borracha”. E, no Brasil, como “o algoz da Amazônia”.

Este comportamento de grande desenvolvimento e posterior estagnação é bastante conhecido como "boom-colapso" e trouxe consequências econômicas e sociais bastante relevantes (e ainda atuais) para a região!

Para saber mais:

Delicias manauaras - parte 1

Está cada vez mais dificil decidir meu prato favorito..... São tantas opções e sabores que não sei se terei tempo para experimentar tudo! Mas seguirei firme e forte, provando o que for possivel!

O tucumã tem me surpreendido... Não esperava que este tipo de "coquinho" fosse tão gostoso e versátil. A tapioca com queijo coalho e tucumã é tão gostosa que é quase impossível comer uma só. Aí tem o x-cabloquinho .... Uma versão de queijo de cabra no pão francês na chapa, mas com tucumã... Hum....é de dar água na boca.....e já me disseram que tucumã fica ótimo como patê. É óbvio que terei que comprar um pouco da fruta, pedir a receita e tentar em SP!

Tapioca com queijo coalho e tucumã

X-cabloquinho (sem banana) e suco de taperebá

















O coentro realmente é uma erva a parte! Eu adoro essa planta aromática, mas as vezes me pergunto se estou comendo camarão com coentro ou coentro com camarão... Kkk anyway, o feijão fica delicioso, o escondidinho divino e não me canso de experimentar pratos regados a coentro!!!

O tacacá é outra iguaria! É um caldo fino de cor amarela, mega quente chamado tucupi e bem temperado geralmente com sal, cebola, alho, coentro (olha ele ai, gente!!) e cebolinha  sobre o qual se coloca goma de tapioca, camarão seco e jambú. O tucupi e a tapioca (da qual se prepara a goma), são resultados da massa ralada da mandioca que, depois de prensada para fazer farinha, resulta num líquido leitoso-amarelado. Após deixado em repouso, a tapioca fica depositada no fundo do recipiente e o tucupi na sua parte superior. É um caldo servido em cuias por todos os cantos de Manaus! Realmente interessante!
Tacacá e açai

O Tambaqui está na minha lista de peixes mais gostosos. É realmente muito saboroso...ainda mais quando inclui uma incursão ao mercado principal para comprá-lo fresquinho!!! Os amigos Bruno e Dani preencheram meu domingo com muito carinho e gostosuras. Prepararam o tambaqui com esmeiro, na brasa e para acompanhar um bom suco de taperebá. O domingo foi perfeito com anfitriões tão maravilhosos e as costelas do tambaqui!!!

Mercado de peixes

Preparo cuidadoso do Tambaqui

Tambaqui assando na brasa

Casal 20: Bruno e Dani - os anfitriões
 
Ah...e é claro que tem o vatapá, pirarucu a casaca e outras delícias manauaras, mas estes ficam pra um próximo post!

Depois de tudo isto, não tenho escolha! A matrícula na academia foi feita semana passada, após perceber que as delícias manauaras estavam só no início!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Bad Hair Day e um pouco ciência!!!

Sabe aqueles dias com muita umidade no ar que seu cabelo parece um capacete? Todo espetado e cheio de frizz?
Pois é.... meu cabelo está assim todos os dias! O que era de se esperar -  afinal, quem nunca correu de um pequeno chuvisco após ter feito uma escova para evitar o tal do efeito frizz???

Aqui em Manaus, a umidade gira em torno de 75-90%. Então imagina!!! Por mais que eu seque o cabelo e o escove todos os dias, ao final do dia, pareço uma maluquinha... cabelo desgrenhado e todo cacheado. Parece bonito na descrição, mas não é!!!!

Ai, fiquei mega curiosa em saber o que acontece com nosso cabelo pra ele se comportar assim frente à umidade.  E descobri muitas coisas interessantes como, por exemplo, que o higrômetro - instrumento desenvolvido para medir o nível da umidade do ar - foi inicialmente desenvolvido com fios de cabelos humanos em 1783 e, tão confiável que só foi substituido por eletrônicos na década de 60. Maluco né?

Inclusive, existe um site que te diz como seu cabelo vai se comportar no dia seguinte, a partir da previsão do tempo na cidade!!! kkkk pena que só faz o link com as cidades americanas :(

Dando uma olhada mega por cima, a culpa basicamente são das pontes de hidrogênio!!!! Explico: o nosso fio de cabelo é formado por queratinas (proteínas) que se ligam umas as outras por algumas ligações químicas como as pontes de hidrogênio e dissulfito. As pontes de hidrogênio, particularmente, são mais fracas e temporárias mas conectam uma queratina a outra indiretamente através de uma molécula de água. Em ambientes mais úmidos, existem mais moléculas de água disponíveis e portanto, mais pontes de hidrogênio, que acabam fazendo com os fios (compostos pelas fibras longas de queratina) se dobrem, levantando-os. Quando secamos o cabelo (no secador, por exemplo), eliminamos parte destas pontes de hidrogênio, por isso o cabelo fica retinho!!!!

Além disso, os fios de cabelo podem aumentar em até 14% o seu diâmetro devido a maior adsorção de água entre as cutículas!!!!! Meu deus!!!! Imaginem só!!! Neste caso, acho que nem escova progressiva com formol, resolve! kkkkk

Links:
http://www.nytimes.com/2012/10/30/science/why-does-some-hair-frizz-when-its-humid.html?_r=0
http://blogs.smithsonianmag.com/science/2013/04/why-humidity-makes-your-hair-curl/
http://www.exploratorium.edu/exploring/hair/hair_activity.html
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=bring-science-home-hair-hygrometer
http://www.goehringteach.org/School/STEM/journalofsciencepapers/Aemero,Elsha%20checkpoint%207.docx
http://blogs.smithsonianmag.com/science/2013/04/why-humidity-makes-your-hair-curl/
http://www.hairforecast.com/

terça-feira, 2 de julho de 2013

Cheguei Manaus.....

Cheguei e derreti!

Apesar do vôo ter chegado quase após a meia-noite, sair do aeroporto e sentir aquele bafo que simplesmente faz você desmanchar com 3 passos foi como abrir uma churrasqueira a bafo, enfiar a cabeça dentro e fechar a tampa de novo!

Hoje não foi nem um pouco diferente! Apesar de ter ouvido várias vezes que o dia estava "até agradável", isso não aliviou a sensação de calça jeans molhada e grudada no corpo! Sair do carro e andar poucos metros até o ar condicionado do prédio foi um sufoco! Talvez Manaus se localize na boca de um vulcão adormecido? Seria isto possível??? Talvez plausível???? kkkk Com certeza amanhã usarei uma roupa solta e leve (se é que isto é possível)....Provavelmente qualquer tipo ou pedaço de tecido grudará no corpo por aqui, mas vale a pena tentar!



E por falar em churrasqueira a bafo, hoje tive o prazer de me deliciar com uma costela de tambaqui e carne de sol..... Realmente maravilhosos! O restaurante fica bem próximo do escritório, bastante simples, mas comida honesta! Experimentei e até repeti o escondidinho de camarão, que deveria ter sido chamado de escondidinho de coentro!!!! Eu A-M-O coentro, mas o sabor é tão marcante que entendo porque não é todo mundo que aprecia!!!! Aliais, disseram que até no feijão colocam coentro! Vou ter que experimentar... pra garantir minha preferencia por coentro! 

Enfim....durante o retorno à pé do restaurante para o escritório (2 quadras), lembrei de uma pequena gaúcha que defende a idéia de "roll on para os peitos"! Isso mesmo! Sabe o roll on que usamos como desodorante debaixo do braço? Porque não desenvolver um deo roll-on para passar no meio dos peitos, atrás do joelho e outros locais inusitados? Rsrs Se alguma empresa topar esta idéia maluca, com certeza o test-drive tem que ser em Manaus! E por favor, procurem a Júlia Menegola para pagar os royalties da ideia. Kkkkk