Vista da Marina do Davi - Rio Negro |
Voadora "lotação" |
A voadora realmente é um episódio a parte!!! Ela leva muitas pessoas a todos os bairros e "povoamentos" que só se chega por barco!!! E é um pinga-pinga!!!! :-) Vai parando, descendo e subindo gente, para mais um pouquinho, resumindo - uma loucura!!! Mas um passeio muito lindo! O Rio está bastante cheio e me recomendaram reafazer o passeio na vazante (setembro) pra perceber a diferença.
Após 25 minutos cheguei ao tal do museu. E por causa da chuva eu era a única visitante!!! Melhor assim - tive a guia exclusivamente pra mim!!! Construído especialmente para o filme 'A Selva', produção luso-brasileira de 2001, estrelada por Maitê Proença, o Museu reproduz com fidedignidade um seringal que existiu em Humaitá, município do Amazonas, distante 590 km da capital. O roteiro incluiu locais como o barracão de armazenamento das pelas de borracha, casarão do seringalista, barracão de aviamento, a capela de Nossa Senhora da Conceição, casa do seringueiro, tapiri de defumação da borracha, cemitério, entre outros locais. A guia foi excelente e contou vários detalhes sobre a história do ciclo da borracha!!!
Museu do Seringal
Na casa, moravam o barão Juca Tristão, a filha, dona Iaiá, e o escritor português José Maria Ferreira de Castro, autor do livro 'A Selva', que mais tarde deu origem ao filme. A casa é bastante luxuosa, com cristais e louças de todos os lugares da Europa. Logo ao lado, fica o barracão de aviamento, local onde se comercializava equipamentos e onde era adquirida a alimentação para os seringueiros nordestinos que ali chegavam para trabalhar. O problema é que eles já chegavam endividados pois, além da passagem e transporte até os seringuais, os trabalhadores tinham que comprar os equipamentos para extrair borracha e todos os mantimentos para iniciar sua vida nos seringuais. E só conseguiam comprar nesta loja. Não preciso dizer que o preço era exorbitante não é? Conclusão - não conseguiam se livrar do barão e das dívidas!!!
Museu do Seringal
A guia também demonstrou como o látex era extraido. Os seringueiros saim à 1 da matina para fazer a sangria das árvores, pois neste horário, o rendimento é melhor. Só podiam fazer um corte por dia em cada árvore que só poderia ser sangrada de novo após 2-3 dias! Eles conseguiam extrair uns 120 potinhos/dia. Também conheci o tapiri onde era realizado o processo de defumação da borracha. E foi exatamente por causa deste procedimento que muitos seringueiros inalavam fumaças tóxicas e morriam por causa de tuberculose!
O ciclo da borracha foi um momento econômico na história do Brasil que constituiu uma parte importante da história da economia e sociedade do país, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha. Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém. O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Durante este período, cerca de 50% do Produto Interno Bruto do Amazonas era resultado da extração e comercialização da borracha.
Em 1900, a região amazônica produzia 95% de toda a borracha comercializada no mundo. Apenas 28 anos depois, sua participação estava reduzida a 2,3%. As plantações inglesas, que constribuiram para este declínio, começaram com as sementes contrabandeadas da Amazônia em 1876 pelo aventureiro inglês Henry Wickham. As sementes que Wickham roubou foram transportadas com êxito para o famoso jardim botânico de Londres, o Kew Gardens.
De lá, os biólogos ingleses rapidamente levaram mudas para as colônias britânicas na Índia e na Nova Zelândia. Dentro de alguns anos, essas sementes deram origem às árvores que produziam a borracha que conquistaria o mundo. Henry Wickham, o inglês responsável pela façanha, na Inglaterra, ficou conhecido como “o pai da borracha”. E, no Brasil, como “o algoz da Amazônia”.
Este comportamento de grande desenvolvimento e posterior estagnação é bastante conhecido como "boom-colapso" e trouxe consequências econômicas e sociais bastante relevantes (e ainda atuais) para a região!
Para saber mais:
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