sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Encontro das Águas, Botos Cor de Rosa e outras coisas interessantes

Bom, provavelmente o melhor passeio (e o mais caro também!!) que já fiz por aqui foi final de semana passada!!!

Encontro das águas, tribo indígena com direito a rituais de dança, nadar com botos cor de rosa, lago com vitória régia, passeio de barco por inúmeros igarapés e matas de igapós, carregar um bicho preguiça e uma sucuri - tudo em um só passeio por um dia inteiro. Uffa!!! Cansativo, mas valeu muito a pena!!!!

O dia começou bem nublado e no decorrer abriu um solzinho. Ainda bem porque ficar o dia inteiro em uma lancha debaixo do sol manauara não ia rolar!!!! Insolação seria o mínimo neste caso kkkk

Após um belo café regional, nos dirigimos ao porto de Manaus em frente ao Mercado Municipal. A lancha partiu às 9 da manhã e fomos direto a um local na divisa de Nova Airão para nadar com os botos cor de rosa... Emoção na veia! Poder entrar nas águas quentes do Rio Negro e passar a mão na pele lisinha e gelada dos botos é impagável!!!!! Eles vêem em busca de peixes e pulam fora da água para alcança-los.... belíssimo!!!


Os botos são na verdade cinza mas conforme vão envelhecendo se tornam rosas! Show de bola!!!!

Após uns 40 minutos brincando na água e passando a mão nos botos, fomos até uma tribo indígena dos dessanas-tukanos. Esta tribo havia migrado da área de São Gabriel da Cachoeira (lá na cabeça do cachorro). Eles são também chamados de Tucanos, e a família lingüística Tukâno é dividida nos ramos ocidental, que compreende línguas faladas no Peru, Equador e Bolívia; e oriental, com as línguas Barasâna, Desâna, Karapanã, Kubéwa, Pirá-Tupúya, Suriâna, Tukâno e Wanâno, faladas desde a Colômbia até o Brasil, no Noroeste da bacia Amazônica.


Fomos recebido pelo filho do cacique que nos deu as boas vindas, acendendo uma resina de breu branco, considerado um tipo de incenso sagrado pelos índios. Posteriormente eles fizeram algumas danças de agradecimento pela nossa visita o que foi uma experiência per se. As mulheres e os homens estavam trajados a rigor rsrsrs e a última dança foi realizada com a nossa participação!!! Uma experiência que ficará marcada com certeza! E ´pra quem quiser ver, tenho os vídeos das danças!!!! rs


Após isto, fomos até o Parque Ecológico do Janauari que possui um lago que fica completamente lotado de vitória régias...pena que a época não é setembro!!! kkk de qualquer forma, o lugar é lindo demais e para chegar até ele, você passa por uma ponte de madeira suspensa no meio da mata. Alguma Vitórias Régias ainda existiam por lá e fez valer bastante o passeio até lá!


Saindo de lá, andamos por bastante tempo entre os diversos igarapés (vulgo riozinho) e conhecemos as matas de igapó (áreas alagadas). Nelas, as espécies vegetais se acostumam a ficar embaixo d´água por alguns meses do ano. Muito bonito!!! E em um destes igarapés, paramos na casa de um ribeirinho e pude pegar uma preguiça na mão e carregar uma sucuri nas costas... Acredito que o IBAMA desconhece esta parte do passeio (kk), mas era só dar algum dinheiro pra poder tirar umas fotos com os animais que apesar de tudo pareciam bastante saudáveis!

 
 
Somente no final do passeio, fomos ver o Encontro das Águas que devido ao horário e o tempo meio nublado não estava espetacular para fotos! O Encontro das águas é formado pela junção do Rio Negro e dos Solimões. Esse fenômeno acontece em decorrência da diferença entre a temperatura e densidade das águas e, ainda, à velocidade de suas correntezas: o Rio Negro corre cerca de 2 km/h a uma temperatura de 28°C, enquanto que o Rio Solimões corre de 4 a 6 km/h a uma temperatura de 22°C. De qualquer maneira, foi muito legal colocar a mão nas águas do Rio Negro e sentir a diferença ao tocar as águas do Rio Solimões logo após.....
 
 
Após um dia de muitas belezas, natureza e outras coisas interessantes, voltamos à Manaus por volta das 17:30h observando um belíssimo pôr do Sol no Rio Negro.

Palácio Rio Negro e Parque Jefferson Pérez

Em um domingo preguiçoso, fui conhecer o famoso Palácio Rio Negro e o parque que fica ao lado, o tal do Jefferson Pérez.

Contruido em 1903, a mansão era de propriedade de um rico comerciante de borracha alemão, o Barão Waldemar Scholtz. Nesta mansão moravam apenas ele e sua mulher! Imaginem naquela época, fazer uma construção desta magnitude para morarem apenas 2 pessoas... ou melhor dizendo 2 patrões e uma infinidade de empregados para atender ao luxo dos patrões! (ai então é justificável né?) Naquela época era conhecido como Palacete Scholtz.


O Barão gostava de dar muitas festas na sua mansão e nos fundos de sua mansão o igarapé  de Manaus proporcionava o transporte fluvial de todas as coisas necessárias para o luxo do patrão. As suas roupas eram lavadas na Europa pois os habitantes europeus da época acreditavam que a água do Rio Negro iriam manchar suas roupas!!!! Quanta ignorância não?


Por causa da quebra da borracha com as plantações de seringal na Europa, o alemão ficou bastante endividado e em 1911, o prédio foi hipotecado ao Coronel Luiz da Silva Gomes, também rico seringalista da época. No entanto, o tal coronel também não conseguiu segurar a onda e acabou o arrendando ao Estado em 1918. A partir daí, o Palacete passou a sediar o Governo Estadual e a ser a residência oficial do governador. A partir daí passou a ser conhecido como Palácio Rio Negro.

O interior do imóvel é belíssimo e vale a visita ainda mais por ser de graça!!!!!

Ao lado, fica o Parque Jefferson Pérez. Construído em 2009, em formato de Y, graças ao encontro de dois igarapés que juntos desaguam no Rio Negro, o espaço surgiu a partir do aterramento parcial dos igarapés. É um lugar bonito para uma boa caminhada!! Ou então pra descansar nos bancos e usar o wi-fi disponibilizado de graça!!!!!
 

sábado, 14 de setembro de 2013

Restaurantes flutuantes

Restaurantes flutuantes são bem comuns aqui em Manaus! Tem um monte!!! São casas construidas às margens dos rios em cima de gigantescas toras de madeira que servem um cardápio variado de peixes e bebidas para famílias que passam os finais de semana usufruindo a beleza do contato próximo da natureza. Hoje meus queridos amigos Dani e Bruno (casal 20) me convidaram para passar uma tarde mega agradável com eles em um dos muitos espalhados aqui em Manaus!

O Flutuante da Tia fica à margem do Rio Tarumã (onde a maior parte deles se concentra) e foi extremamente gostoso poder comer uma banda de tambaqui bem feitinha e mergulhar nas aguas negras do Rio - impagável!!!!Vale a pena e as fotos vão dizer muito mais que palavras!!!!
 

Delícias paraenses (licença para estas maravilhas nas aventuras manauaras)

Esta semana tive a oportunidade de conhecer Belém no Pará! E como boa gordinha (rs) não podia deixar de apreciar a culinária local!!!

O peixe mais famoso de Belém é o filhote. Apesar do nome, ele é um peixe (Piraíba) de couro que pode chegar até 300 Kgs!!! Quando o peixe tem até 60 Kgs ele é conhecido como filhote! Eu já conhecia sua carne tenra e maravilhosa quando tive a oportunidade de experimentá-la as margens do Rio de Piracicaba, no interior de SP. Lá em Piracicaba o comi grelhado, aqui tem de tudo quanto é jeito!

Estação das Docas
Na primeira noite, conheci a Estação das Docas, um lugar na orla fluvial do antigo porto de Belém. Totalmente restaurados em 2000, os antigos armazéns do porto congregam diversos restaurantes e lojas. Foi lá que experimentei o filhote, junto com um chopp de priprioca! Isso mesmo! Aquele tubérculo que usamos nos perfumes também compõe um red ale de sabor amadeirado, encorpado e logicamente perfumado! kkk Este filhote era frito com uma crosta de castanha que estava divina! E acompanhou um arroz com jambú que deixou a língua dormente e pinicando! Maravilhoso!!

Estação das Docas

A Estação da Docas é muito bonita e agradável! Além de você poder passear e caminhar ao lado da orla, você se diverte com uma música ao vivo direto de uma plataforma que desliza pelo armazém bem em cima da sua cabeça! Animal! Recomendo muito!

Seguindo na onda do filhote.....na segunda noite tive o prazer de conhecer a Casa das 11 janelas (ou como eu gosto de dizer - a casa das inúmeras janelas kkk). Lugar lindo também bem ao lado de um forte (que não consegui visitar por estar fechado :( uma pena) e com um filhote divino. Desta vez pedimos uma torre de filhote com palmito e filhote a belle meunière. Hum.... Sensacional é pouco! Ainda mais porque pegamos uma mesa bem na beira do Rio e a noite estava bem propícia a isto!

 
                                                                                                                Casa das 11 janelas

Na última noite em Belém, firme e forte no objetivo de comer filhote, fomos até o Mangal das Garças. Pena não termos conseguido ir de dia, pois o local possui jardins belíssimos, um mirante para o Rio Guamá e um zoológico! Só aproveitamos o restaurante, o único lugar dentro do complexo que fica aberto a noite! E foi sensacional!!!! Pedi um filhote com crosta de castanha e amêndoas e um risoto de jambú! D-I-V-I-N-O!!!! Meus amigos foram de camarões com risoto de tabasco e cuscuz de jambú no tucupi! Muito bom também!!!

Mangal das Garças

Ainda bem que foquei as delícias paraenses em peixe!!! kkk senão estava perdida! Mas definitivamente, o filhote e o tambaqui são campeões e merecem o esforço destinado a comer o quanto eu ainda puder nos poucos dias que ainda me restam em Manaus!


Links:
http://www.estacaodasdocas.com.br/index/
http://museucasadasonzejanelas.blogspot.com.br/
http://www.mangalpa.com.br/

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A lenda do Muiraquitã - o amuleto da sorte

Conheci o Muiraquitã em uma conversa com o casal 20 (a Dani e o Bruno) e achei muito legal, então resolvi partilhar com vocês!
Muiraquitã (do tupi mbïraki'tã, "nó das árvores", nó das madeiras", de muyrá ou mbyra, "árvore", "pau", "madeira" e quitã, "nó", "verruga", "objeto de forma arredondada") é um objeto moldado em um barro verde,  com formas variadas: de sapo, tartaruga e outros animais. O mais comum é a forma de sapo e dizem que você deve presenteá-lo para que este amuleto traga felicidade, sorte e também cura a quase todas as doenças a quem o possui.
Muiraquitã
Antigamente havia uma tribo de mulheres guerreiras, as ICAMIABAS, mulheres guerreiras que habitavam o baixo Amazonas, que não tinham marido e não deixavam ninguém se aproximar de sua taba na região do rio Nhamundá. As Icambiabas compõem a nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamaram de Amazonas (mulheres sem marido) e parece que Iací , a lua, as protegia.
Uma vez por ano recebiam em sua taba os guerreiros Guacaris, como se fossem seus maridos, durante a festa dedicada à lua (festa de Iaci), divindade-mãe do muiraquitã. Algumas versões falam que o ritual se dá em um lago encantado chamado jaci uaruá ("espelho da lua"; do tupi antigo îasy arugûá).


Neste dia especial, pouco antes da meia - noite, quando a lua estava quase a pino, dirigiam-se em procissão para o lago, levando nos ombros potes cheios de perfumes que derramavam na água para o banho purificador. À meia-anoite, elas mergulhavam no lago e traziam às mãos um barro verde, ao qual davam formas variadas e presenteavam seus amados.

Retirado ainda mole do fundo do rio e moldado pelas mulheres, o barro endurecia ao contato com o ambiente. Os objetos eram, então, enfiados em tranças de cabelos das noivas, e usados como amuleto pelos guerreiros. Até hoje, o muiraquitã é considerado objeto sagrado e é encontrado também na obra Macunaíma, de Mário de Andrade.

Este é um presente que com certeza levarei para SP para presentear pessoas especiais que merecem uma proteção extra!!!!

Links:
http://www.astormentas.com/din/poema.asp?key=11754&titulo=Os+Esponsais+das+Icamiabas+-+Lenda+Amaz%F4nica%2C+1952

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Delícias Manauaras - parte 3

Ok, ok.... realmente parece que a minha vida aqui se resume à comida! Mas são tantas coisas gostosas que é difícil resistir....rs e da-lhe academia depois... kkkk

Semana passada o Núcleo de Inovação da Natura aqui em Manaus fez 1 ano! E tivemos uma semana mega agitada... e saborosa também!!! No coquetel de comemoração, eu amei - e repeti é verdade - um picadinho de tambaqui com banana palha que estavam de outro mundo! Nunca pensei em comer banana palha no lugar da batata! Show de bola! Aliais, não gosto muito de peixe picadinho ou em molho... prefiro mais assado ou grelhado, mas este estava muito bom! Manaus está até mudando meu paladar... rsrsrs Vou pegar a tal receita com o chefe pra tentar fazer isto em casa! Este prato foi o favorito na escolha da maioria do pessoal do escritório!!!Também serviram uma massa recheada de pirarucu que estava boa, mas definitivamente eu prefiro o pirarucu preparado como iscas com uma boa cerveja na praça central ao lado do Teatro Amazonas!! É campeão e tô virando freguesa semanal rsrsrs

Brenninha e Paulinho se deliciando com o picadinho de tambaqui, o famoso picadinho de tambaqui com a banana palha em detalhe (acima à direita) e a massa recheada com pirarucu
Serviram também um risoto de pato que estava muito, muito bom, mas já aviso que isto não é culinária manauara.... rs foi só um acidente de percurso! rsrs (sempre bem vindo em se tratando de comida).

Risoto de pato, iscas de pirarucu e batata frita na praça do centro; filet de tambaqui com crostas de castanha e banana assada; pirarucu à casaca e lasanha de charque e queijo coalho
 
Experimentei também o tal pirarucu a casaca - um picadinho de pirarucu frito refogado com muitos temperos, a famosa farinha uarini (que já expliquei em algum post anterior), leite de coco e banana pacovã frita. Muito gostoso!!!! Aliais, esta banana pacovã é outra coisa digna de nota. Uma única banana é tão grande que dá umas 2 bananas  nanicas em tamanho!!!! Sem exageros.....
 
E não pude resistir a uma lasanha de charque e queijo coalho que aliais é excepcional aqui em Manaus. Nunca comi um queijo coalho tão gostoso e saboroso e olha que eu já comi muitos rsrsrsrsrs!!!! Qualquer prato que use este queijo é sucesso garantido! Não tem como.
 
Por fim, descobri que meu prato favorito no restaurante O Banzeiro (que também falei em outro post) é o filet de tambaqui coberto com uma crosta (farta, muitooooooooooo farta) de castanhas acompanhado de banada assada. Ele é campeão e, confirma a minha suspeita que tive desde a primeira vez que provei o tambaqui: este peixe vai deixar saudades quando eu voltar pra SP!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Trânsito Manauara

Fiquei em dúvida se escrevia novamente sobre as maravilhas culinárias daqui ou se relatava a experiência de dirigir em Manaus. Achei melhor disfarçar o fato de que me esbaldo nas delícias manauaras (só por mais uma semana rs) e me mato depois na academia (affe...) e compartilhar uma das únicas coisas que vejo de negativo em Manaus: o trânsito.

Quando cheguei pela primeira vez, saindo do aeroporto de madrugada com um carro alugado, peguei uma das avenidas principais da cidade. E para meu espanto, a mesma não possuía faixas pintadas no chão. Isto mesmo...imaginem uma avenida gigantesca - tipo Avenida Paulista de SP ou a Avenida Brasil em Campinas, sem NENHUMA faixa no chão. Achei que a via tinha sido recapeada recentemente, porém no dia seguinte, andando pela cidade, percebi que este era o padrão manauara. Afinal, faixa é pros fracos!!!! kkkkk

Não é Manaus, mas poderia ser...kkk!!!
Em quase nenhuma rua, avenida da cidade, existe a marcação com as faixas no chão. Praticamente uma aventura tentar andar em uma avenida com 4 faixas (na teoria), ônibus voando de um lado e do outro e adicione uma pitada de aventura - carros na contramão! Isso mesmo... não foi uma, duas ou três vezes que vi isto acontecer. Semana passada, descobri que um taxista quando questionado pelo meu amigo Bruno sobre estar na contramão, disse que ele fazia isto para confirmar mesmo se a rua era contramão!!!!! Afffffeeeee......Direto encontro carros na contramão em avenidas MEGA movimentadas. Outra coisa, manauara que é manauara quando quer parar, simplesmente para - no meio da rua, na esquina, enfim - para para olhar, decidir o que vai fazer, se vai virar aqui ou ali.... uma loucura!!!!!!

Podia ser Manaus se as faixas não estivessem pintadas no chão

Outra coisa bizarra é que mesmo atravessando na faixa de pedestres, com o sinal verde para isto (para os pedestres), os carros vão avançar se você não prestar atenção. Fico mega tensa toda vez que tenho que atravessar as ruas por aqui, principalmente em grandes cruzamentos, pois carros aparecem do nada e podem te levar as alturas (sem figura de linguagem aqui!). Me sinto naquele jogo antigo de video game quando tínhamos que atravessar o sapo do outro lado, lembram?
 
Atravessando a rua em Manaus
 
Aliais, calçadas são raridades por aqui. Existem em algumas avenidas e ruas, mas na maioria das vezes, são tão estreitas que quase não cabem uma pessoa. Conclusão: pedestres andando no meio das ruas. Muito seguro considerando o caos no trânsito por aqui! Aventura é pouco!!!

Semana passada vi uma cena bizarra na frente do meu hotel. Um motoqueiro, com uma moto super pequena, levando uma passageira que, por sua vez, levava consigo uma mala de viagem enorme. Mas não era qualquer mala, ou uma mochila. Sacam aquelas malas de rodinhas, de porte médio para grande? Então....essa mesma!!! kkkkk Pena que não deu tempo de fotografar de tão boquiaberta que fiquei, mas a foto abaixo, ilustra bastante.


Não é a toa que acidentes são muito comuns no trânsito manauara, Perto de onde estou, vejo acidentes pelo menos uma vez ao dia. E não são leves! Afinal, temos a combinação perfeita: falta de sinalização, desrespeito às leis de trânsito, falta de fiscalização por parte das autoridades. Em 2009, ocupava o 7° lugar no ranking de mortes de trânsito considerando a frota de carros, e apesar de ter reduzido o numero absoluto dos acidentes nos últimos anos, aumentou consideravelmente a violência e número de vítimas!

Uma pena....cidade maravilhosa... mas trânsito caótico! :-(
É torcer para sair ilesa!

LINKS:
http://portal.cnm.org.br/sites/9000/9070/Estudos/Transito/EstudoTransito-versaoconcurso.pdf
http://www.seplan.am.gov.br/arquivos/download/noticias/arq/20130124161544anuario_2011.pdf

domingo, 4 de agosto de 2013

Presidente Figueiredo e suas cachoeiras

Ontem fiz um passeio muito divertido até as cachoeiras de Presidente Figueiredo. Pois é, quem poderia imaginar que a Amazônia possui cachoeiras lindíssimas há 1,5 horas (114 km) de carro de Manaus!

Tive a companhia dos meu queridos amigos Bruno e Dani (o Casal 20), a Carmen (irmã da Dani) e alguns amigos franceses da Carmen que estavam de passagem por Manaus.

Começamos nosso sábado com um delicioso café da manhã regional com muitas tapiocas e sucos! Queijo coalho com tucumã, queijo coalho com presunto e ovo, queijo coalho com banana e castanhas.... hum!!! Delicioso é pouco! As tapiocas eram gigantescas mas matamos 7 em 11 pessoas!!! Fome é pouco para justificar este exagero gastronômico! rs

Café da manhã regional - tapioca de queijo coalho e tucumã (à esquerda)
e de queijo coalho, banana e castanha (à direita)
Ontem visitamos a Cachoeira Iracema que possui belíssimas cachoeiras e cavernas. Presidente Figueiredo está localizado dentro do Platô de base sedimentaria da Amazônia e o Platô do Rio Trombetas-Rio Seco. Composta de rochas muito antigas, suas cachoeiras e cavernas são resultados de movimentações tectônicas do quartenário.

Para chegar até a primeira queda caminhamos por uma boa trilha. Nada difícil, mas muito diferente passando por dentro de pedras e caminhando por uma ponte de madeira suspensa. Muito bonito!! Antes de chegar na cachoeira, fizemos uma parada em uma das diversas cavernas da região! É belíssimo e fiquei me perguntando como tudo aquilo foi formado...realmente é pra deixar você sem palavras!

Trilha até a primeira cachoeira e gruta

A primeira cachoeira é muito próxima ao início da trilha e portanto muito "vaporosa" rsrsrs. Cheia de gente, ainda mais com um dia lindo, ensolarado e quente pkct como estava ontem. Seguimos pela trilha mais ou menos um quilometro para chegamos à outra queda. O caminho trouxe muitas surpresas e visuais incríveis!!!

Caminho até a segunda cachoeira - acima da esquerda para direita: nuvem de teia de aranha, bromélia, raízes de árvores cobertas de musgos; abaixo da esquerda para direita: pequeno lago com serrapilheira, mais musgos e cogumelos
 
Todo o caminho é coberto por musgos, pequenas bromélias, cogumelos, muitas raízes de árvores, grandes teias de aranha e grande quantidade de serrapilheira (folhas cobrindo o chão). Conforme você pisa no solo, parece que está pisando em terreno mega fofo e meu amigo Bruno me explicou que, diferentemente da Mata Atlântica, a serrapilheira é rapidamente decomposta, devido a alta temperatura e umidade, além de uma grande quantidade de microorganismos. Então, os principais nutrientes desta decomposição se localizam muito mais superficialmente, uma vez que quando chove, os mesmos acabam sendo levados para os leitos dos rios. Por isso, a maioria das árvores no nosso caminho possuíam raízes muito superficiais para captar todos os nutrientes possíveis, formando uma pintura muito bonita no chão!!
 
Trilha também é cultura!!!kkkkkk
 
Pedaço próximo a segunda cachoeira

Finalmente chegamos a nossa cachoeira, menor (com certeza)....mas estávamos sozinhos e isso valeu o percurso! Além disso, por estarmos ainda com os rios cheios, tivemos também uma micropiscina um pouco mais a frente da cachoeira que nos permitiu relaxar, nadar e curtir um dia inteiro!! Durante nossos mergulhos tivemos a companhia de muitas libélulas vermelhas e azuis e muitos, muitos insetos estranhos rsrsrs. Esta é a única desvantagem de nadar nos rios amazônicos! Mas com certeza vale a pena!
Centro de Presidente Figueiredo, com o índio no cupuaçu e
euzinha descansando os pés da caminhada de volta

Terminamos nosso dia, de volta a cidade de Presidente Figueiredo onde comemos um bom tambaqui e carne de sol ao lado do símbolo da cidade - o índio com arco e flecha dentro de um cupuaçu! Bizarro né? Mas nem isto apaga a beleza do dia, da companhia, das cachoeiras, cavernas e matas de Presidente Figueiredo.



Links:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0001-37652001000200012

quarta-feira, 31 de julho de 2013

VIII Festival Amazonas Jazz e o Bosque da Ciência

Semana passada tive o prazer de comparecer a um dos shows da programação do 8° Festival Amazonas de Jazz que acontece no Teatro Amazônia. Realmente é uma experiência indescritível poder assistir uma apresentação na magnitude desta obra arquitetônica de teatro.

O Festival Amazonas de Jazz (FAJ) foi criado em 2005 e se consolida como o maior do gênero no Norte do Brasil. A oitava edição, que aconteceu de 23 a 28 de julho, no Teatro Amazonas, contou com atrações internacionais, nacionais e talentos amazonenses, com dois espetáculos por noite. Ao todo, foram 12 apresentações (às 19h e às 20h30), totalizando 9 horas de shows ao vivo, nos seis dias do festival. Realmente muito legal! Os ingressos variavam de R$ 10,00 - 40,00! E valiam muito a pena!


Tive o prazer de assistir o Jeff Williams Quintet junto ao meu amigo Bruno. Jeff Williams é um baterista americano que por dois anos (72-74) acompanhou Stan Getz em turnês e também tocou junto a outros artistas como Cedar Walton, Lee Konitz, Milt Hinton,  Bill Evans, Dave Liebman e John Scofield. O grupo tocou composições do próprio Jeff que como ele mesmo disse "I composed what made me happy". Algumas muito boas, outras um tanto quanto complexas e contemporâneas para meus ouvidos ainda "iniciante" a este estilo musical. De qualquer forma, valeu a experiência no Teatro Amazonas!!!!!

No domingo fiz uma visitinha ao Bosque da Ciência do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). O Bosque da Ciência que é uma área de aproximadamente 13 (treze) hectares, localizado no perímetro urbano da cidade de Manaus foi projetado e estruturado para fomentar e promover o desenvolvimento do programa de Difusão Científica e de Educação Ambiental do INPA, ao mesmo tempo preservando os aspectos da biodiversidade existente no local. 
 

O local possui tanques com peixes-bois, símbolo da região Amazônica. Estes simpáticos mamíferos aquáticos são resgatados de pesca ilegal, trazidos aos tanques e se reproduzem em cativeiro. Os filhotes são reintroduzidos ao habitat natural nos imensos rios amazônicos. Realmente é muito bonito.

Também consegui ver cutias, tartarugas e macacos, viveiros de ariranhas e jacarés, condomínio de abelhas, além de um pequeno lago artificial, onde vivem os poraquês. Conhecido popularmente como peixe-elétrico, o poraquê assim como outros peixes da região tropical, possui um sistema de respiração de ar atmosférico na cavidade bucal, subindo em intervalos de aproximadamente oito minutos para respirar.


Também possui uma Casa da Ciência onde algumas exposições de peixes, insetos, répteis e plantas são realizadas com o intuito de uma educação mais próxima e interativa com toda a diversidade amazônica. A entrada para o parque custou somente R$ 5,00 e valeu muito a pena para fechar um domingo mega preguiçoso em Manaus!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Manias de manauaras

Pra quem me encontrou em SP final de semana passada, eu já contei sobre manauara não apontar nada com a mão. Aqui se você perguntar onde está um objeto ou onde fica a rua tal, recebe em troca  um biquinho na velocidade créu 3 ou 4 na direção que deveria ser indicada com a mão!!!! kakaka
Nem preciso dizer que na primeira vez que isto aconteceu, fiquei um pouco assustada achando que o meu interlocutor estava me mandando vários beijos no lugar de responder a minha pergunta....kkkk apesar de agora já saber que isto é a prática, ainda me assusto e dou boas risadas quando isto acontece!!!!


Outra coisa engraçada é que manauaras chamam seus amigos e/ou conhecidos de "mano(a)". Muito usado para pedir um favor ou fazer uma pergunta carinhosamente: "E ai mano? Tudo bem?" kkk "mano, você pode me trazer um lanche?". Quando elas estão estressadas ou sendo sarcásticas, o tratamento passa a ser "maninho": " E ai maninho, tú não tem o que fazer não?" rsrsrs Ou seja, ser chamado de mano aqui é carinhoso e não possui o significado pejorativo de SP ou RJ e o diminutivo enfatiza o stress!!! Imagina a confusão de um carioca ou paulista aqui em Manaus! kkk

Ah...e aqui no lugar do VIXI, se usa ÉGUA!!!! Isso mesmo: égua!!! Já cheiro ruim é pitiú. Imagina uma frase assim: "Éeeegua maninho, que pitiú!!!" pois é! Hoje na academia quando eu ouvi, fiquei meio sem saber o que era e tive que procurar na net assim que cheguei no hotel! (imagina a cara da gringa aqui! rs) Conclusão: achei vários dicionários de amazônes!!! Isso mesmo. Um inclusive muito comentado do Prof. Dr. Sérgio Freire. O link estará no final do post pra vocês se deleitarem!! kk


Outra coisa engraçada é que aqui não existe rotatória e sim bola!!! "Pra ir pra lá, você passa a bola do Coronado....." e eu achando que era um monumento ou coisa do gênero!!!! kkkkkk que nada!! E na substituição da nossa expressão "só tem go-gó", os manauaras usam "só tem agá". E quando estão com fome falam que "estão brocados". Imaginei a guria chamando pro almoço: "E ai maninhas, vocês estão só no ágá hein? Tô brocada e vocês só na bubuia!!!" (leia-se: ficar sem fazer nada). kakakakaka

Enfim, já baixei o tal dicionário no celular porque às vezes tenho que fazer uma consulta rápida antes de pagar o mico, ou melhor ficar vexada!

Link para o dicionário chibata (muito bom): http://www.sergiofreire.com.br/Amazones.htm










domingo, 14 de julho de 2013

Teatro Amazonas e Palacete Provincial

Um dos locais mais visitados em Manaus é o Teatro Amazonas. E não é por menos! É um lugar divino com uma arquitetura renascentista de tirar o fôlego.

Fiz uma visita guiada que durou uns 30 minutos, custou R$ 10,00 e contou todos os detalhes que fizeram desta construção o centro das belas artes em Manaus. Valeu a pena!!! Sua construção começou em 1892, no auge econômico do ciclo da borracha. Foi inaururado em dezembro de 1896, com a primeira apresentação em janeiro de 1897 da ópera  La Gioconda, de Amilcare Ponchielli.

O arquiteto italiano Celestial Sacardim foi responsável pela construção deste patrimonio cultural arquitetonico, enquanto seu interior ficou a cargo de  Domenico de Angelis, responsável pelas pinturas em telas espalhadas no teto e nas paredes do auditório e do salão nobre. O pano de boca (que abre e fecha o palco durante os espetáculos) foi pintado pelo pernambucano Crispim do Amaral e por ser uma mega tela que não pode ser dobrado é içado reto até a cúpula (quase 13 mts)!!!

Teatro Amazonas: detalhes da cúpula, boca de pano, teto e camarins
A cúpula foi adquirida e colocada posteriormente. É composta de 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia. Foi adquirida em Paris, mas pintada por Lourenço Machado após montagem no Brasil.

Como era de se esperar os pavimentos superiores eram destinados aos barões da borracha e os nobres que não se misturavam com o povo que ficava no pavimento inferior próximo ao palco. Atualmente, os ingressos mais caros são exatamente estes, sendo os mais baratos os dos pavimentos mais altos!!

O sistema de circulação de ar era engenhoso. Embaixo de cada cadeira na platéia, existem grandes canos/tubos interconectados que circulavam/trocavam o ar do auditório com a praça que fica logo em frente, refrescando o ambiente. Não sei se era eficiente com todo o calor da região! rs 

Possui mais de 190 lustres todos desenhados pelo artista italiano Domenico, incluindo alguns lustres de Murano na Itália. Um luxo só!!!! É impressionante a quantidade de dinheiro que foi investido na construção deste teatro. Realmente os barões da borracha não economizaram!

Em tempo - uma informação bizarra que a guia deu, foi a de que durante a ditadura militar, o Teatro foi pintado de cinza pois rosa não era uma cor considerada "séria" pelos mesmos.... valha-me Deus!!!

Realmente é uma pérola no meio de Manaus! Vale muito a pena visitar! Inclusive em julho acontece o Festival de Jazz por lá. Acho que vou adquirir os ingressos para o dia 23...kkk

Bem próximo( umas 6 quadras do Teatro) fica o Palacete Provincial, inaugurado em 1875. Ele abrigava simultaneamente várias repartições públicas como a Assembléia Provincial, a Repartição de Obras Públicas, a Biblioteca Pública e o Liceu Provincial - atual Colégio Amazonense D. Pedro II.

Palacete Provincial

Atualmente abriga a Pinacoteca do Estado que expõe obras de artistas que possuem alguma ligação com o Amazonas (são daqui, casaram-se por aqui, viveram aqui, passaram uma "chuva por aqui...enfim!).

No andar de cima encontra-se o Museu de Numismática - uma coleção de moedas e papel moeda de todos os cantos do mundo!!! Fiquei extremamente impressionada pois a coleção conta com milhares de moedas abrangendo as Idades Antigas, Média e Contemporânea. Moedas que circularam antes de Cristo!!! Uau..... e tive a sorte de ter um aluno de história como guia deste museu para me esclarecer os aspectos mais interessantes da coleção! Sensacional!!! E olha que eu nunca gostei deste tipo de museu, mas valeu a pena!

Ao lado, existe o Museu da Arqueologia, mas este, diferentemente do anterior, foi decepcionante. Apesar de mostrar as ferramentas normalmente utilizadas pelos arqueólogos em sítios e escavações e, como é organizado o caderno de campo e seus croquis, não possuia uma peça sequer obtida de um sítio arqueológico da região Amazônica.

O Palacete vale a pena e, neste caso, o passeio e os acessos aos museus e exposições são de graça!!!

Delícias Manauaras - parte 2

Não me canso de apreciar a culinária amazonense. Realmente tem muitos ingredientes típicos que compõem pratos deliciosos!

No entanto, verduras e legumes são raridades. Isto porque quase tudo vem de fora por não ser produzido aqui. O kilo do brócoli custa R$ 36,00!!! Uma  abobrinha - R$9,20!!!! Um pé de alface sai por R$ 3,99. Conclusão: peça uma salada de jantar com alface e tomate e pague R$26,00! Assim não dá pra controlar!!! kkkk

Mas é uma boa desculpa pra me esbaldar na culinária local!!! Como já tinha tido, o taperebá (conhecido como cajá também) é uma fruta maravilhosa e seu suco é imbatível. Se bem que o abacaxi daqui é tão doce que até o talo é delicioso!!! kkk geladinho no meio do dia no escritório é tudo de bom!!! O tucumã - mega versátil - é uma boa pedida em vários momentos, inclusive como sorvete!! Que aliais, tem se mostrado uma boa diversão. Experimentei o sorvete de tapioca e amei!! Delicioso e diferente, assim como o de cupuaçu, taperebá e açai. Difícil decidir meu favorito!!!

Coxinha de carangueijo, sorvete de tucumã,
carne de sol e vatapá, e sorvete de tapioca

Pra matar uma fominha no meio do dia, aqui é difícil achar coxinha de frango (que pena né Gabi? kkk), mas a utilização de carne de caranguejo para compôr esta tradição brasileira me surpreendeu! É muito gostoso, ainda mais com uma pimentinha porreta! Assim como a tal carne de sol e o vatapá. Apesar de ser tradicional da culinária nordestina, esses pratos são bastante comuns aqui em Manaus e, com toques extremos de coentro (no caso do vatapá). Descobri que a carne de sol é curada por 2-3 dias no sol coberta de sal e depois assada no bafo. Divina!!! Bem assada, derrete na boca e tem sido minha alimentação diária no almoço! kkkk mas é que é mega difícil resistir!

Já o tambaqui continua me surpreendendo. Hoje tive a oportunidade de conhecer um restaurante da culinária amazonense mega conhecido aqui - O Banzeiro. Fantástico é pouco para descrever o que eles oferecem!!! Ambiente mega família e um cardápio muito variado com as opções dos peixes mais conhecidos daqui - tambaqui, pirarucu e tucunaré. Não resisti e acabei comendo um filet do lombo de tambaqui assado na flor de sal, acompanhado de farofa de ovo com farinha do uarini e arroz negro. Ah! E de entrada teve caldinho de tambaqui! Indescritível! O cuidado e carinho do atendimento foi finalizado com um expresso bem tirado com um mini-bolinho de castanha!! hummmmmm.... me dá água na boca só de pensar de novo!

Caldinho de Tambaqui, filet de tambaqui assado com flor de sal
com farinha de uarini e arroz negro e café com bolinho de castanha

Ah - a farinha de uarini vem do município amazonense de Uarini, e no seu processo de produção, a mandioca amarela é colocada em água até apodrecer, quando então é chamada de Puba. Espremida, peneirada e depois bem seca, a farinha que dela se origina é apelidada de ova ou ovinha, dependendo do seu tamanho e por sua semelhança com ovas de peixe. Seus grãos são duros e precisam ser hidratados, para amolecerem, embora alguns amazonenses os comam in natura.

Bom, preciso ainda experimentar o tucunaré e o pirarucu. Mas estes ficarão para a próxima, pois o tambaqui definitivamente ganhou meu coração!

Links:
http://www.restaurantebanzeiro.com.br/?pag=home

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Ajuricaba - o herói e guerreiro manaú

"Invoco aqui a voz da tradição. Ouçam! Ela sussurra nas folhagens da palmeira inajá e marulha no igarapé escuro. Ouçam! É ela quem murmura que tudo o que acontece neste nosso mundo um dia será esquecido. Ouçam, meus amigos: o esquecimento vem aos poucos. E antes que sobre nós o esquecimento estenda o seu paneiro do "já não lembro", do "já não me recordo", do "já não sei mais como foi", levantemos nossos olhos de nossas pequenas coisas e observemos a fumaça da fogueira. E pela fumaça regressemos ao passado, viajantes que somos da fumaça dos tempos. Ouçam, é a fumaça que segreda que tudo isso aconteceu há muitos anos e numa terra muito distante. Rápido, antes que seja tarde, pois já não mais sabemos como as gentes que viviam ali chamavam aquele rio de águas negras que nunca se misturam com as águas barrentas do rio máximo, nem como chamavam aquela terra de florestas sombrias e árvores que cresciam até as estrelas" - Márcio Souza em A Luta de cada um - Ajuricaba: O caudilho das selvas.

Assim começa o livro que me foi indicado pela colega do NINA, Thais Peres. Ele conta a história de Ajuricaba, um líder guerreiro da nação dos manaús que resistiu bravamente à escravidão dos índios pelos colonizadores portugueses na região da Amazônia.

Ajuricaba é derivado de aiuricaua do nheengatu: aiuri significa reunido; caua significa marimbondos de ferroadas dolorosas. No tempo em que Ajuricaba viveu por aqui, o Amazonas pertencia ao Estado do Grão-Pará e Rio Negro, fundado em 1621 com o objetivo de melhorar o contato da região com sua metrópole, além de incentivar a coleta das “drogas do sertão” (como a canela, a baunilha, o cravo, o urucu e o cacau), o cultivo da cana, algodão, café e do cacau, além da vinda de colonos.


Sertanistas, religiosos, tropas de resgate, tropas de guerra, contratadas para vencer a resistência dos índios ou escravizá-los, subiam e desciam rios, montando feitorias, explorando a floresta, pescando, num esforço que resultaria mais tarde em uma ocupação efetiva da região.

Os manaús sempre apresentaram grande resistência aos portugueses, mas em 1675, a jovem filha do taxuana (cacique) Caboquena, se enamora por um sargento português e, fugindo aos costumes da tribo, a jovem foge para se casar (o que o amor não faz não é mesmo?). Isto força os manaús a se aldearem em torno do forte de São José da Barra do rio Negro (futura Manaus) e a estabelecerem um pacto de não agressão aos colonizadores. Mas as núpcias não impediram que os portugueses continuassem a perseguir os índios de outros grupos na ganância e ânsia de mais controle e poder na região.

Com a morte do taxuana Caboquena em 1700, assume seu filho mais velho, Huiebene. Corrupto, inteiramente corrompido por manter relações estreitas com a administração colonial, este taxuana liderou os manaús por 2 décadas sob cuidadosa tutela dos portugueses. Ajuricaba era um dos numerosos filhos de Huiebene. Porém era um menino impulsivo, teimoso que apesar de aprender a ler e falar português se recusava a fazê-lo. Era exímio em diversos idiomas do rio Negro como o tariana, o baré, o baniwa e o nheengatu, a boa língua que servia de idioma comum a quase todos os povos.

Em 1718, Ajuricaba começa a entrar em choque com o pai, pois o mesmo não seguia os costumes antigos. Em 1722, as relações entre pai e filho são rompidas definitivamente, após Huiebene firmar com os portugueses uma aliança, participando de hostilidades contra os ingleses e os franceses ao norte, além de obrigar os guerreiros manaús a companharem tropas de preadores na captura de índios para serem escravizados em Belém.  


Porém Huiebene descobre que os portugueses mantinham prisoneiros vários índios de tribos que não podiam ser tocadas, segundo termos da aliança que ele havia estabelecido. Após uma vasta discussão, o taxuana é assassinado, junto com alguns guerreiros manaús que o acompanhavam em um acampamento de preadores. Ajuricaba, ao ser informado da tragédia, retorna à maloca manaú e assume a liderança. Começa assim oito anos de intensas disputas e guerras entre os invasores portugueses e os guerreiros manaús.

Ajuricaba ocupa o rio Negro e ataca todas as povoações portuguesas, entre 1722 e 1727, tornando muito difícil a vida dos colonizadores. Nenhuma embarcação portuguesa conseguia navegar as águas do rio Negro, ou do rio Vaupés, ou do rio Içana, sem sofrer ataques dos manaús em canoas rápidas.

Porém, em 1728, os portugueses resolveram responder com tropas de soldados armados até os dentes (com bombas e fuzis).  Eles entravam pelo rio Urubu e subiam o rio queimando e massacrando todas as populações  que porventura apoiavam Ajuricaba. Chegaram a fuzilar até vilarejos domesticados de missão carmelita!!!!Traziam consigo também uma boa aliada: doenças como a gripe, varíola, sarampo e doenças venéreas. Ao final de todo este embate, mais de 40.000 índios das mais diversas etnias haviam desaparecido, considerando ainda a completa dispersão e extinção dos próprios manaús.

Em 1728, quando estava com 27 anos, Ajuricaba foi feito prisioneiro no final de agosto, junto com 7 de seus generais, além de 300 guerreiros manaús feridos. Durante a sua transferência para Belém, onde seria possive4lmente degredado ou feito escravo, Ajuricaba atirou-se à água, mesmo preso aos ferros, preferindo suicidar-se do que se submeter aos invasores colonizador.

Nasce assim, o herói número um da mais vasta região do Brasil - símbolo e afirmação da resistência dos povos indígenas.

Para saber mais:
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/202935/ajuricaba-o-caudilho-das-selvas-col-a-luta-de-cada-um

domingo, 7 de julho de 2013

Rio Negro e o Museu do Seringal

A primeira vez que eu vi o Rio Negro foi assim. Sábado a tarde, após uma boa chuva, quase desisti do passeio. Mas achei que devia arriscar e deu certo! A chuva passou tão rápido quanto chegou.


Vista da Marina do Davi - Rio Negro
Fui até a Marina do Davi (final da Praia de Ponta Negra) para pegar uma voadora que me levaria até o Museu do Seringal. Este museu é resultado do pólo de cinema do Amazonas, atraindo visitantes que desejam conhecer de perto o modo de se ver e viver do homem do seringal, conduzindo os visitantes aos tempos áureos do Ciclo da Borracha.

Voadora "lotação"







A voadora realmente é um episódio a parte!!! Ela leva muitas pessoas a todos os bairros e "povoamentos" que só se chega por barco!!! E é um pinga-pinga!!!! :-) Vai parando, descendo e subindo gente, para mais um pouquinho, resumindo - uma loucura!!! Mas um passeio muito lindo! O Rio está bastante cheio e me recomendaram reafazer o passeio na vazante (setembro) pra perceber a diferença.
 
Após 25 minutos cheguei ao tal do museu. E por causa da chuva eu era a única visitante!!! Melhor assim - tive a guia exclusivamente pra mim!!! Construído especialmente para o filme 'A Selva', produção luso-brasileira de 2001, estrelada por Maitê Proença, o Museu reproduz com fidedignidade um seringal que existiu em Humaitá, município do Amazonas, distante 590 km da capital. O roteiro incluiu locais como o barracão de armazenamento das pelas de borracha, casarão do seringalista, barracão de aviamento, a capela de Nossa Senhora da Conceição, casa do seringueiro, tapiri de defumação da borracha, cemitério, entre outros locais. A guia foi excelente e contou vários detalhes sobre a história do ciclo da borracha!!!

Museu do Seringal
 
Na casa, moravam o barão Juca Tristão, a filha, dona Iaiá, e o escritor português José Maria Ferreira de Castro, autor do livro 'A Selva', que mais tarde deu origem ao filme. A casa é bastante luxuosa, com cristais e louças de todos os lugares da Europa. Logo ao lado, fica o barracão de aviamento, local onde se comercializava equipamentos e onde era adquirida a alimentação para os seringueiros nordestinos que ali chegavam para trabalhar. O problema é que eles já chegavam endividados pois, além da passagem e transporte até os seringuais, os trabalhadores tinham que comprar os equipamentos para extrair borracha e todos os mantimentos para iniciar sua vida nos seringuais. E só conseguiam comprar nesta loja. Não preciso dizer que o preço era exorbitante não é? Conclusão - não conseguiam se livrar do barão e das dívidas!!!
 
 
Museu do Seringal
 A guia também demonstrou como o látex era extraido. Os seringueiros saim à 1 da matina para fazer a sangria das árvores, pois neste horário, o rendimento é melhor. Só podiam fazer um corte por dia em cada árvore que só poderia ser sangrada de novo após 2-3 dias! Eles conseguiam extrair uns 120 potinhos/dia. Também conheci o tapiri onde era realizado o processo de defumação da borracha. E foi exatamente por causa deste procedimento que muitos seringueiros inalavam fumaças tóxicas e morriam por causa de tuberculose!

O ciclo da borracha foi um momento econômico na história do Brasil que constituiu uma parte importante da história da economia e sociedade do país, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha. Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém. O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Durante este período, cerca de 50% do Produto Interno Bruto do Amazonas era resultado da extração e comercialização da borracha.

Em 1900, a região amazônica produzia 95% de toda a borracha comercializada no mundo. Apenas 28 anos depois, sua participação estava reduzida a 2,3%. As plantações inglesas, que constribuiram para este declínio, começaram com as sementes contrabandeadas da Amazônia em 1876 pelo aventureiro inglês Henry Wickham. As sementes que Wickham roubou foram transportadas com êxito para o famoso jardim botânico de Londres, o Kew Gardens.

De lá, os biólogos ingleses rapidamente levaram mudas para as colônias britânicas na Índia e na Nova Zelândia. Dentro de alguns anos, essas sementes deram origem às árvores que produziam a borracha que conquistaria o mundo. Henry Wickham, o inglês responsável pela façanha, na Inglaterra, ficou conhecido como “o pai da borracha”. E, no Brasil, como “o algoz da Amazônia”.

Este comportamento de grande desenvolvimento e posterior estagnação é bastante conhecido como "boom-colapso" e trouxe consequências econômicas e sociais bastante relevantes (e ainda atuais) para a região!

Para saber mais:

Delicias manauaras - parte 1

Está cada vez mais dificil decidir meu prato favorito..... São tantas opções e sabores que não sei se terei tempo para experimentar tudo! Mas seguirei firme e forte, provando o que for possivel!

O tucumã tem me surpreendido... Não esperava que este tipo de "coquinho" fosse tão gostoso e versátil. A tapioca com queijo coalho e tucumã é tão gostosa que é quase impossível comer uma só. Aí tem o x-cabloquinho .... Uma versão de queijo de cabra no pão francês na chapa, mas com tucumã... Hum....é de dar água na boca.....e já me disseram que tucumã fica ótimo como patê. É óbvio que terei que comprar um pouco da fruta, pedir a receita e tentar em SP!

Tapioca com queijo coalho e tucumã

X-cabloquinho (sem banana) e suco de taperebá

















O coentro realmente é uma erva a parte! Eu adoro essa planta aromática, mas as vezes me pergunto se estou comendo camarão com coentro ou coentro com camarão... Kkk anyway, o feijão fica delicioso, o escondidinho divino e não me canso de experimentar pratos regados a coentro!!!

O tacacá é outra iguaria! É um caldo fino de cor amarela, mega quente chamado tucupi e bem temperado geralmente com sal, cebola, alho, coentro (olha ele ai, gente!!) e cebolinha  sobre o qual se coloca goma de tapioca, camarão seco e jambú. O tucupi e a tapioca (da qual se prepara a goma), são resultados da massa ralada da mandioca que, depois de prensada para fazer farinha, resulta num líquido leitoso-amarelado. Após deixado em repouso, a tapioca fica depositada no fundo do recipiente e o tucupi na sua parte superior. É um caldo servido em cuias por todos os cantos de Manaus! Realmente interessante!
Tacacá e açai

O Tambaqui está na minha lista de peixes mais gostosos. É realmente muito saboroso...ainda mais quando inclui uma incursão ao mercado principal para comprá-lo fresquinho!!! Os amigos Bruno e Dani preencheram meu domingo com muito carinho e gostosuras. Prepararam o tambaqui com esmeiro, na brasa e para acompanhar um bom suco de taperebá. O domingo foi perfeito com anfitriões tão maravilhosos e as costelas do tambaqui!!!

Mercado de peixes

Preparo cuidadoso do Tambaqui

Tambaqui assando na brasa

Casal 20: Bruno e Dani - os anfitriões
 
Ah...e é claro que tem o vatapá, pirarucu a casaca e outras delícias manauaras, mas estes ficam pra um próximo post!

Depois de tudo isto, não tenho escolha! A matrícula na academia foi feita semana passada, após perceber que as delícias manauaras estavam só no início!